reflexões curtas sobre os livros que eu li em 2020, em ordem razoavelmente cronológica. como tudo na vida, 90% é meio "meh", então eu destaquei os que mais me impactaram. resumo da ópera:
The Broken Earth Trilogy (Fifth Season, Stone Sky, Obelisk Gate)
livros de ficção que ganharam os prêmios Hugo por três anos consecutivos. devorei a trilogia enquanto estava internado no hospital por ter estourado uma espinha - foi uma distração que veio em boa hora. na hora eu estava bem engajado na leitura, mas já não me lembro de porra nenhuma. ossos do ofício
Love's Executioner and Other Tales of Psychotherapy
o autor é um psicoterapeuta e todo capítulo é a história de um paciente diferente. o livro me agarrou enquanto eu lia, e percebi que ler sobre a terapia das outras pessoas me faz pensar mais sobre as minhas próprias questões psicológicas - um tipo de tetris effect que eu considero razoavelmente positivo. alias, eu não sei se todas as histórias desse livro são reais, mas se forem, o autor tem uma moralidade questionável - ainda assim, foi divertido.
Sapiens: A Brief History of Humankind
li 4/5 e não lembro de nada, exceto que depois de ler tanto sobre macacos, tive um momento de clareza em que olhei pro meu pai andando pela casa e percebi que o corpo dele é bem parecido com o de um macaco. e aí eu percebi que ele é um macaco! e aí eu percebi que EU sou um macaco!! socorro!!
Illuminatus! Part I The Eye in the Pyramid
li 50 páginas e estava achando divertido e aí eu parei e pensei: pq eu to lendo isso? e mudei de livro
A Guide to the Good Life: The Ancient Art of Stoic Joy 💖
não foi a primeira vez que eu li um livro sobre estoicismo (eu já tinha lido Meditações do Marco Aurélio, mas não consegui extrair muito da leitura); porém, foi a primeira vez que eu senti que havia algo no estoicismo que realmente pudesse me ajudar. em particular, duas ideias desse livro ficaram comigo: a dicotomia do controle, e a visualização negativa.
a dicotomia do controle diz que existem coisas que você pode controlar, e coisas que você não pode controlar, e para ter uma vida saudável, você deve se focar apenas no primeiro grupo. se você fizer a sua felicidade depender de elementos que estão fora do seu controle, você está abrindo espaço pra ser frustrado pelo mundo. por exemplo, se você está participando de um esporte, o seu objetivo não deve ser "vencer", mas "dar o seu melhor", porque é a única coisa que você pode de fato fazer. se você perder mas tiver certeza que fez tudo o que podia, isso deveria ser suficiente pra te deixar satisfeito. na prática, isso também significa focar mais no presente (as coisas que você tem) e menos no futuro (as coisas que você talvez terá).
a segunda ideia que ficou comigo é a de visualização negativa: a prática de focar nas coisas que você tem e pensar no quão triste seria se você não as tivesse. o ser humano tem uma tendência intrínseca muito forte de estar sempre insatisfeito: não importa o quanto você ganhe, sempre vai haver o momento em que você se acostuma e passa a querer mais (hedonic treadmill). essa técnica é uma forma de retardar esse processo, por tentar te fazer extrair prazer do que você tem. fez muito sentido pra mim!
na prática, essas duas ideias não são nada novas, e de fato ambas tem ampla conexão com conceitos do budismo que eu já li em diversos outros lugares, além de outras noções como "gratidão" e "aceitação". ainda assim, a forma como essas ideias foram postas aqui me foram particularmente ressonantes, e sinto que consegui internalizar a importância e o princípio delas. acho que é um bom primeiro passo pra conseguir implementá-las.
The Righteous Mind
achei que eu ia adorar mas achei chato. o autor tinha tipo 1 argumento e ele só ficava dançando ao redor disso. próximo
Toki Pona: The Language of Good ⭐
toki pona é um idioma planejado criado em 2001 que possui apenas 14 fonemas e 125 palavras. um dos focos de toki pona é "ser fofo". a frase "estou bem, e você?" em toki pona se escreve "mi pilin pona. sina pona ala pona?" (numa tradução literal, "eu sentir bem. você bem ou não bem?"). o idioma não é muito bom pra transmitir ideias complexas, mas esse não é o objetivo dele - pra conversações normais do dia-a-dia, ele funciona muito bem. (não que eu tenha alguém pra conversar em toki pona...)
durante mais ou menos 2 meses no início desse ano eu instalei o Anki (aplicativo de repetição espaçada) no meu celular e me pus a aprender as 125 palavras do toki pona, assim como seguir os exercícios desse livro (e do guia online do jan Pije, que aparentemente foi removido). foi uma experiência e tanto! hoje eu já não lembro todas as palavras e faz alguns meses que eu não leio nada em toki pona, mas certamente é uma coisa que eu pretendo retomar no futuro caso surja uma situação em que eu precise de um idioma planejado pequeno e fofo (como num jogo, por exemplo). além disso, foi a primeira vez que eu usei repetição espaçada, e fiquei surpreso em como funcionou bem.
Shop Class as Soulcraft
quando o meu desktop dá problema, eu puxo uma maleta de ferramentas, abro ele, e troco as peças uma a uma pra conseguir diagnosticar qual delas deu defeito. normalmente eu descubro, compro uma peça substituta e resolvo a questão.
mas quando o meu notebok dá problema, eu sento e choro.
esse livro é sobre isso: como que com o passar do tempo, os consumidores estão sendo cada vez mais afastados da realidade "material" e sendo obrigados a lidar com um nível crescente de abstrações digitais que não podem ser facilmente consertadas ou entendidas. o livro é, em grande parte, uma defesa do trabalho manual e do analógico, do físico. eu parei na metade porque tava em outra vibe no momento, mas o que li achei bem legal. (apesar do autor me incomodar com uma arrogância ocasional.)
Daily Rituals: How Artists Work
cada capítulo tem 1 ou 2 páginas e detalha a rotina diária de uma pessoa famosa. eu achei interessante primariamente por 3 coisas: em primeiro lugar, ler a rotina de outras pessoas me fez prestar atenção na minha própria rotina, e isso é sempre saudável. em segundo lugar, a rotina de algumas dessas pessoas era realmente bizarra (Thomas Wolfe escrevia pelado e usava o topo da geladeira como mesa), e isso me fez querer experimentar mais com a minha própria rotina. em terceiro e último lugar, ler a rotina de pessoas famosas me fez internalizar mais profundamente algo que eu já sabia: que apesar do sucesso parecer fácil e trivial pra essas pessoas, elas realmente trabalham todo dia e frequentemente encontram dificuldades. sempre bom lembrar disso.
The Courage To Be Disliked 💖
meu livro favorito do ano, sem dúvidas. o título é clickbait: se eu tivesse que dar um título pra esse livro, seria "Introdução à Psicologia Adleriana" (que é o nome do livro-texto no qual esse livro foi inspirado). o livro é basicamente uma série de sessões de terapia, escritas na forma de um diálogo entre um incel e um sábio japonês. o livro trata de muitas dificuldades que uma pessoa acaba enfrentando na vida (assim como uma sessão de terapia), e na prática ele me forneceu diversas novas perspectivas que mudaram a forma como eu vejo o mundo, sem exagero. eu acho que não teve um dia desde que eu li esse livro que eu não acabei pensando em alguma ideia que ele me apresentou.
de relance, algumas das ideias que me impactaram: a vida como uma série de momentos, a toxicidade da competição, felicidade como sentimento de pertencimento, a importância de contribuir pra sociedade, um excelente motivo pra você não se preocupar com o que as outras pessoas pensam sobre você, e a negação do reconhecimento. eu jamais achei que eu poderia gostar tanto de um livro assim
Stumbling on Happiness 💖
muita gente adora o livro "Rápido e Devagar" e diz que ele "mudou a forma como elas enxergam o cérebro humano". eu reconheço que ele é um texto fundamental com muitas ideias interessantes (se não me engano, foi justamente esse livro que popularizou a noção de vieses cognitivos), mas o problema é que o livro ficou tão popular que quando eu finalmente fui ler, percebi que já tinha experienciado 90% do conteúdo dele em outros lugares ao longo dos anos. então ele não teve impacto nenhum em mim.
"Stumbling on Happiness" é tipo isso - um livro que expõe vulnerabilidades do cérebro humano que você nunca achou que existia - exceto que (1) eu não conhecia nenhum dos exemplos, e (2) o autor é EXTREMAMENTE engraçado. eu acho que é um dos livros mais engraçados que eu já li na minha vida, e olha que eu li o diário de um banana. eu realmente ri alto em muitos momentos, e não é porque o livro é engraçadão tipo "hurr durr piadas nerds", é só um dry humor muito bem colocado.
na prática, é um livro pop-sci sobre como o cérebro humano é terrível em prever como vamos nos sentir no futuro. mais importantemente, o livro aborda como essa falha acaba prejudicando nossas tentativas de construírmos uma vida melhor. é uma leitura muito gostosa e eu recomendo pra qualquer um que tenha um cérebro humano em casa
The Lifebox, the Seashell, and the Soul
achei que esse livro fosse um Gödel Escher Bach engraçadinho, e entrei achando que ia ser totalmente a minha praia. conforme fui lendo, percebi duas coisas: (1) o livro é exatamente isso, e (2) eu não preciso ler outro Gödel Escher Bach
How to Hide an Empire ⭐
ler esse livro é tipo assistir uma aula daquele professor de história maneiro do ensino médio que fazia você se interessar por qualquer assunto, pelo jeito como ele dava exemplos legais e tecia uma narrativa a partir dos eventos históricos. é um livro sobre como os estados unidos são muito mais imperialistas do que parecem a uma primeira vista, e a forma como isso foi "escondido" ao longo dos anos.
frequentemente, o autor contava uma história absurda e eu pensava: "isso realmente aconteceu??". e realmente tinha acontecido! muito, muito foda. esse livro despertou um interesse em história/geografia que estava adormecido no meu interior
Guns, Germs, and Steel
fui ler pq tava na vibe de livros de história/geografia por conta do "How to Hide an Empire". mas achei esse aqui lento e chato
Japan Emerging
diferente do "How to Hide an Empire" que é rápido e de fácil acesso, esse é um livro muito mais técnico em que cada capítulo é escrito por um grupo de acadêmicos diferentes. então tem tipo, um capítulo inteiro de 20 páginas sobre o papel do xintoísmo na política japonesa do período Jomon, ou coisas do tipo. esse é justamente o tipo de livro carregado de informação que me deixa ansioso com o sentimento de "eu nunca vou me lembrar disso..."
e, alguns meses depois de ter terminado a leitura, posso confirmar que eu realmente não lembro de muita coisa. mas apesar de eu não lembrar as informações, eu lembro de um sentimento muito forte, que é difícil de explicar: depois de ler páginas e mais páginas sobre a civilização japonesa no século 7 d.C., meu cérebro expandiu e eu percebi que... há milhares de anos atrás, existiam pessoas do outro lado do mundo que viviam em sua própria sociedade, que tinham sua própria cultura, e seguiam seus próprios líderes. milhões delas viveram e morreram, e ninguém se lembra do nome de nenhuma... assim como daqui a milhares de anos, ninguém vai se lembrar de mim também. eu senti uma... kinship, com a humanidade. isso diminuiu a minha ansiedade de certa forma, como se eu não precisasse me levar tão a sério. parece que os meus problemas são a coisa mais importante do mundo, e eles provavelmente também se sentiam assim, sabe. não sei. eu gostei
Capitalist Realism: Is There No Alternative?
li e não entendi nada, mas achei vibes
Refuse to Choose! ⭐
a autora desse livro, Barbara Sher, ficou famosa depois de escrever um outro livro chamado "I Could Do Anything if I Only Knew What It Was". só o título desse primeiro livro já foi suficiente pra atrair a minha atenção, tendo em vista que ele resume perfeitamente um sentimento que eu tenho desde que me entendo por gente (o de que eu tenho diversos hobbies mas não consigo me focar em nenhum deles).
toda a tese da autora é que isso não é necessariamente algo ruim, muito pelo contrário! existem pessoas (que ela denomina scanners) que são naturalmente curiosas e por isso acabam pulando de interesse em interesse. ambos os livros são sobre isso, e eu recomendaria dar uma olhada nos dois se você sente que talvez se encaixe nessa descrição.
esse livro mudou a minha vida? não muito, mas ele foi definitivamente importante pra eu parar de me julgar por querer fazer trinta mil coisas diferentes
The Origin of Names, Words and Everything in Between
eu gosto de etimologia e esse livro é engraçadinho. não me lembro de nada
Civilization and Monsters: Spirits of Modernity in Meiji Japan
eu estava na onda do "Japan Emerging" e achei o título desse livro intrigante, pra dizer o mínimo. eu achei que teria contexto suficiente sobre a história do japão pra conseguir absorver o conteúdo desse livro, mas me enganei. o foco aqui é o período Meiji, e esse é justamente o período que o "Japan Emerging" dá menos destaque, então fiquei perdidinho. parei nos primeiros 5 capítulos.
ainda assim, achei muito curioso descobrir que existiam acadêmicos japoneses no início do século XX que visitavam comunidades no interior do Japão com o intuito de catalogar "youkais" e explicá-los cientificamente pra população, tipo scooby doo. além disso, esses acadêmicos eram apoiados pelo governo num processo deliberado de modernização da cultura japonesa, que buscava reduzir o espaço do misticismo xintoísta e aumentar a penetração cultural do cientificismo!! deveras curioso. (pelo menos foi isso que eu entendi)
Um Sonho de uma Noite de Verão, Romeu e Julieta, Hamlet
apesar de eu nunca ter lido nada do shakespeare na minha vida, as histórias são tão famosas que eu já conheço 90% do plot da maioria delas. engraçado. ainda assim achei uma leitura bem agradável, e fiquei surpreso com o quão engraçados são alguns trechos. por exemplo, em "Sonho de uma Noite de Verão":
DEMÉTRIO: Concorde, Hérmia; e Lisandro, ceda sua posse louca ao meu direito certo.
LISANDRO: Demétrio, você tem o amor do pai. Eu, o de Hérmia; case-se com ele.
tradução: Demétrio e Lisandro estão disputando o amor de Hérmia. o pai de Hérmia aprova Demétrio, mas a Hérmia em si gosta do Lisandro. então nesse trecho, Demétrio está falando: "Lisandro desista, o pai dela gosta de mim, eu que tenho o direito de seu amor", e Lisandro responde: "ué se o pai dela gosta de vc pq que vc nao casa com ele entao?". eu acho isso muito engraçado, e existem outros momentos como esse.
infelizmente eu não entendo nada de drama ou de narrativa ou qualquer coisa do tipo, então sinto que muitas das ~nuances legais~ d'O Bardo são perdidas em mim. mas ainda consigo extrair alguma coisa. eu gosto que todos as peças dele que li se passam em lugares completamente diferentes, em épocas diferentes, mas no fundo tudo tem o mesmo estilo. essa é a minha review de shakespeare
Origem (Dan Brown)
foi o 6º livro do Dan Brown que eu li na minha vida. no início da leitura eu fiz um bingo no qual eu escrevi tudo que eu achei que iria acontecer (o Tom Hanks vai num museu, a moça se apaixona pelo Tom Hanks, o plot twist é que o vilão do livro é o amigo do Tom Hanks, cristãos malvados estragam o dia, etc). e não é que tudo aconteceu mesmo? fui obrigado a ler esse livro por razões que não quero dispôr, e devo dizer que foi no mínimo engraçado perceber que o Dan Brown ainda está escrevendo o mesmo livro desde que eu tinha 14 anos de idade
The Drama of the Gifted Child
fui ler achando que era sobre overachievers mas era sobre como crianças reprimem suas emoções pra agradar os pais. não terminei de ler porque parecia fora do meu caminho mas pareceu ok
Anatomy of Story ⭐
me recomendaram esse livro há mais de um ano, e eu já tinha começado a leitura até, mas interrompi porque o livro estava me dando uma vontade enorme de escrever ficção. esse ano eu terminei de ler, e miraculosamente consegui não escrever nenhum livro no processo.
há anos eu sinto que não "entendo" ficção, e que não tenho a menor ideia de como absorver uma narrativa ou no que prestar atenção enquanto ela acontece. esse livro confirmou as minhas suspeitas: eu não conhecia o vocabulário mais básico do "código narrativo": o que é um tema, o que é um arco, o que é pacing, o que é o desenvolvimento de um personagem, etc. ler esse livro foi tipo botar óculos pela primeira vez. muitas coisas passaram a fazer sentido!
eu devorei o livro febrilmente e por dias depois de ter terminado a leitura, fiquei vendo o tal do "código narrativo" em todo lugar. experiência agradável. eu pretendo comprar uma cópia física e manter ela na minha cabeceira, ainda mais porque escrever ficção é algo que eu gostaria de fazer mais no futuro.
O Estrangeiro
esse livro me marcou muito quando li na adolescência; relendo ele agora, percebo que eu tinha entendido justamente O OPOSTO do que o livro queria passar: o protagonista não se arrepende no final, muito pelo contrário!! ele reafirma a sua forma apática de viver. ou, pelo menos, é o que eu entendi dessa vez. vejamos daqui a 8 anos
tentei ler O Mito de Sísifo pra ver se conseguia entender melhor o tal do Absurdo, mas não tive neuronios suficientes pra isso
REAMDE
eu já tinha lido e gostado de outros dois livros do autor (Anathem e Snow Crash), então foi com muitas expectativas que entrei em REAMDE - um livro de ficção científica que se passa num mundo onde boa parte das relações sociais acontecem dentro de WoW-meets-Second Life.
para minha surpresa, o livro não tem nenhum interesse em explorar esse conceito - ele na verdade é um globe-trotting spy fiction thriller à la james bond que mistura a máfia russa, terroristas islâmicos, assaltantes filipinos e programadores do vale do silício. é muito empolgante, mas o retrogosto das expectativas frustradas me deixou, em última instância, frustrado
The Easiest Way to Learn the Tarot - EVER!! ⭐
faz algum tempo que eu tenho interesse em tarô, desde que leram a minha mão aos 16 anos e me disseram que "os espíritos não queriam falar comigo porque eu não acreditava neles". nessa pandemia, eu comprei um baralho de tarô pela aliexpress e procurei um livro que pudesse me orientar - o livro foi esse.
apesar do título boçal, o livro é surpreendentemente agradável e tem princípios bem-delineados e razoáveis. basicamente, o autor acredita que "enciclopédias de significados" são danosas e que a melhor forma de você entender o tarô é... olhando pras cartas e pensando no que elas podem significar. sendo assim, o núcleo do livro são atividades que você pode praticar com o seu baralho, cujo propósito é te fazer observar as cartas por ângulos variados. por exemplo, um exercício envolve pegar 3 cartas e dizer o que elas tem em comum em menos de 5 segundos, depois repetir pra mais 3, até acabar o baralho. outro exercício envolve pegar 2 cartas e dizer como a primeira pode se transformar na segunda. é bacana!
nesse sentido, o tarô vira quase um jogo de mistério: o que será que está acontecendo no 3 de ouros? será que é uma coincidência que o manto da High Priestess parece água? aquilo é uma lua crescente aos pés dela? eu concluí que o tarô é um objeto interessante de se ter e de se observar, principalmente pra uma pessoa como eu que valoriza tanto o mistério.
a minha empolgação se esmaeceu com o tempo, mas não foi por frustração ou algo parecido - foi só pela inevitabilidade da entropia mesmo. consigo me ver retomando esse hábito com mais frequência no futuro caso as circunstâncias se mostrem oportunas. o tarô é uma excelente ferramenta de narrativa procedural!
A Princesa Prometida
eu gosto muito do filme, e agora gosto também do livro!
Don't Feed the Monkey Mind ⭐
um bom livro sobre ansiedade. acho que a ideia que mais vai permanecer comigo é a noção de que certas ansiedades são necessárias, e que se você fugir delas, vai apenas torná-las mais fortes (você está ensinando seu cérebro a enxergá-las como realmente fundamentadas na realidade). isso é algo que eu já sabia instintivamente, mas que eu nunca tinha parado pra avaliar conscientemente.
eu pretendo reler esse livro no futuro mais algumas vezes, porque percebo que ele realmente tem uma mensagem bem importante. recomendo pra qualquer um que sofra com ansiedade
The Templars: Knights of God (Edward Burman)
um livro sobre templários que achei num sebo por 10 reais embaixo de uma escrivaninha. a capa é muito bonita. você sabia que os templários foram criados pra proteger as estradas ao redor de jerusalém, mas nunca de fato fizeram isso e rapidamente se tornaram um banco multinacional? você sabia que eles foram abolidos pelo Papa pra que o confisco de seus bens pudesse salvar a França de uma recessão? você sabia que pra abolir a Ordem, eles foram acusados de bruxaria pela Inquisição, e seus líderes foram literalmente queimados na fogueira?
eu também não!
A Curva do Sonho
pronto, agora eu li todos os livros da Ursula Le Guin que foram traduzidos pro português. eu achei que esse ia ser claramente pior que os outros mas esse não é o caso. ele consegue criar uma ambientação muito poderosa, que me fez realmente questionar a realidade em certos momentos. eu sou a pedra, ou a criança sentada em cima da pedra? são mistérios... e de novo, o mundo é salvado por alienígenas
10% Happier 💖
o livro conta a jornada real de um âncora de TV (Dan Harris) enquanto ele tenta descobrir algo que torne a vida dele menos merda. primeiro ele entra no mundo da religião e da psicoterapia. depois, ele passa a investigar os gurus da auto-ajuda nos estados unidos (Deepak Chopra, Eckhart Tolle, etc) e tenta descobrir se eles são the real deal ou só charlatões de marca maior. por fim, ele conhece o zen-budismo e descobre que seus ensinamentos (meditação, mindfulness, etc) realmente tem uma base de verdade, o que lhe faz experimentá-los e ele acaba por perceber que eles realmente trouxeram impactos positivos pra sua vida.
o grande valor desse livro pra mim é o ceticismo do autor. ele não perde nenhuma chance de julgar os outros e dizer que "eles provavelmente são charlatões", até que ele começa a encontrar pessoas que realmente falam coisas que fazem sentido, e se torna cada vez menos resistente. é uma jornada pela qual eu também estou passando, e sinto que muitas outras pessoas também se beneficiariam em passar por ela.
eu sinto que é o livro perfeito pra recomendar pra alguém que é cético e acha que budismo e meditação é coisa de gente imbecil. talvez eu esteja errado.
o livro também é muito otimista e ele me deu muita energia pra continuar a minha jornada.
Why Zebras Don't Get Ulcers
o youtube me recomendou tantas vezes o vídeo "I - Introduction to Human Behavioral Biology" que eu decidi dar o braço a torcer e finalmente assistir. e não é que é bom pra caralho? esse livro não tem muito a ver com o conteúdo do curso, mas foi escrito pelo professor Sapolsky, e é também muito bom.
a tese central do livro é que estresse faz mal pro organismo, e ele passa o livro inteiro te dizendo como exatamente isso acontece. em resumo: estresse fode basicamente o seu corpo inteiro, de todas as formas possíveis. achei interessante.