substitua "filme" por ler um livro/jogar um videogame/ver uma série/ouvir um álbum/sua droga de preferência.
no mundo de hoje, onde passamos boa parte do tempo grudados em esteiras de conteúdo infinitas desenvolvidas por techbros versados na arte do vício, é mais importante do que nunca reforçar que há outras maneiras de escolher o que assistir do que "uhh saiu ontem".
quem viveu na internet dos anos 90~2000 consegue facilmente notar essa disparidade: antigamente o usuário da internet era um ente ativo: ele navegava, surfava, explorava um oceano desconhecido repleto de surpresas e novidades; ele saía por aí clicando em páginas e descobrindo coisas novas, sem saber o que se escondia por trás de cada link. hoje, por outro lado, o usuário é o cúmulo da passividade: ele fica parado igual um bebê enquanto o conteúdo vem até ele, de modo que suas escolhas se resumem a "humm gostei" ou "humm não gostei", com a Grande Mamãe Algorítmica logo atrás tendo de decidir qual papinha que o bebê vai comer logo em seguida, tudo com o objetivo de nos engordar e engordar e engordar pra depois nos abater em nome de um dos bilionários que controlam as esteiras -- e por tabela, o mundo.
às vezes é bom agir como um bebê, eu sei disso, não me entenda mal! mas não se esqueça de uma coisa muito importante: você não é um bebê. você é um ser humano responsável pelas suas próprias decisões, com seus próprios objetivos de vida e suas próprias motivações. sinto que nos dias de hoje, onde o modo padrão de interagir com as coisas é tão passivo, é mais fácil do que nunca se esquecer disso. se esquecer de como é ser ativo, e fazer escolhas, e escolher quem você vai querer ser.
porque veja, nada nessa vida que vale a pena acontece sozinho. a única coisa que acontece sozinha é: o tempo passa e as coisas morrem. só. todo o resto envolve você parar um dia e decidir: eu vou fazer X. eu vou me inscrever numa aula de violão. eu vou começar a academia. eu vou chamar aquela garota pra sair. a vida que você quer viver passa, inevitavelmente, pela tomada de decisões: esse hábito tão humano que exercitamos cada vez menos.
óbvio que não é um 8 ou 80, e estou falando com generalizações aqui, mas tenho plena confiança na sua capacidade mental de preencher as lacunas e entender as nuances do que estou querendo dizer (não é sobre não ir ao cinema é sobre não assistir o que está na primeira página do netflix).
em suma: hoje à noite, faça um ato revolucionário: assista a um filme pura e simplesmente porque o ator é gostoso. o mundo todo se beneficiará disso