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19 motivos pra assistir um filme que NÃO se resumem a "uhh acabou de lançar e tá todo mundo falando sobre"

substitua "filme" por ler um livro/jogar um videogame/ver uma série/ouvir um álbum/sua droga de preferência.

  1. uma amiga te recomendou
  2. você assistiu a um outro filme do mesmo diretor, e ficou obcecado
  3. esse é o filme mais famoso do ator principal daquela série que você adorou
  4. o poster do filme é bonito
  5. é um filme conhecido por ser terrível, e você ficou curioso
  6. você está sistematicamente assistindo a todos os filmes que venceram o Oscar e fazendo seus próprios julgamentos
  7. esse é o filme favorito de um familiar
  8. você encontrou uma screenshot aleatória desse filme e ficou curioso
  9. seu filme favorito é aparentemente inspirado nesse filme
  10. esse filme não é muito falado hoje em dia, mas foi historicamente relevante
  11. uma das estrelas do filme morreu recentemente, e esse era o filme mais famoso dela
  12. você detestou um filme que todo mundo adora, procurou na internet opiniões parecidas com a sua, e um dos reviewers que encontrou disse que esse é um de seus filmes favoritos
  13. um dos atores te faz sentir coisas
  14. uma das atrizes te faz sentir coisas
  15. você nunca ouviu falar nesse filme mas ele tem uma nota muito alta no letterboxd
  16. você tem ficado cada vez mais interessado num gênero específico, e esse é um dos filmes listados como os mais importantes do gênero
  17. te passaram uma música da trilha sonora desse filme e você curtiu bastante
  18. você conhece uma pessoa que trabalhou no filme
  19. o nome do filme é engraçado

no mundo de hoje, onde passamos boa parte do tempo grudados em esteiras de conteúdo infinitas desenvolvidas por techbros versados na arte do vício, é mais importante do que nunca reforçar que há outras maneiras de escolher o que assistir do que "uhh saiu ontem".

quem viveu na internet dos anos 90~2000 consegue facilmente notar essa disparidade: antigamente o usuário da internet era um ente ativo: ele navegava, surfava, explorava um oceano desconhecido repleto de surpresas e novidades; ele saía por aí clicando em páginas e descobrindo coisas novas, sem saber o que se escondia por trás de cada link. hoje, por outro lado, o usuário é o cúmulo da passividade: ele fica parado igual um bebê enquanto o conteúdo vem até ele, de modo que suas escolhas se resumem a "humm gostei" ou "humm não gostei", com a Grande Mamãe Algorítmica logo atrás tendo de decidir qual papinha que o bebê vai comer logo em seguida, tudo com o objetivo de nos engordar e engordar e engordar pra depois nos abater em nome de um dos bilionários que controlam as esteiras -- e por tabela, o mundo.

às vezes é bom agir como um bebê, eu sei disso, não me entenda mal! mas não se esqueça de uma coisa muito importante: você não é um bebê. você é um ser humano responsável pelas suas próprias decisões, com seus próprios objetivos de vida e suas próprias motivações. sinto que nos dias de hoje, onde o modo padrão de interagir com as coisas é tão passivo, é mais fácil do que nunca se esquecer disso. se esquecer de como é ser ativo, e fazer escolhas, e escolher quem você vai querer ser.

porque veja, nada nessa vida que vale a pena acontece sozinho. a única coisa que acontece sozinha é: o tempo passa e as coisas morrem. só. todo o resto envolve você parar um dia e decidir: eu vou fazer X. eu vou me inscrever numa aula de violão. eu vou começar a academia. eu vou chamar aquela garota pra sair. a vida que você quer viver passa, inevitavelmente, pela tomada de decisões: esse hábito tão humano que exercitamos cada vez menos.

óbvio que não é um 8 ou 80, e estou falando com generalizações aqui, mas tenho plena confiança na sua capacidade mental de preencher as lacunas e entender as nuances do que estou querendo dizer (não é sobre não ir ao cinema é sobre não assistir o que está na primeira página do netflix).

em suma: hoje à noite, faça um ato revolucionário: assista a um filme pura e simplesmente porque o ator é gostoso. o mundo todo se beneficiará disso


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