Se você nasceu no fim da década de 90, muito provavelmente já ouviu falar da entidade chamada "Coelho Sabido". Talvez você tenha até memórias boas deste personagem, e lembre-se de passar horas e horas brincando com algum de seus CD-ROMs.

Porém, será que você realmente o conhece? Ou será que também foi vítima de uma perigosa ilusão?

Como tudo começou...

No ano de Nosso Senhor 1983, o Planeta Terra viu o lançamento do jogo "Reader Rabbit", para computadores Apple II e posteriormente Commodore 64, Macintosh e DOS. Este jogo - desenvolvido pela compania norte-americana "The Learning Company" - tinha como objetivo ensinar habilidades de leitura para crianças entre 5 e 7 anos, através de atividades edu-vertidas envolvendo um coelhinho chamado "Reader Rabbit". O jogo foi extremamente bem-recebido, o que levou ao lançamento 3 anos depois de dois outros jogos: "Math Rabbit" e "Writer Rabbit", que buscavam ensinar habilidades de matemática e escrita, respectivamente.

Torna-se evidente que a ideia inicial da The Learning Company era abordar as diferentes matérias escolares, de modo que cada jogo teria seu próprio coelho protagonista. No entanto, a empresa rapidamente abandonou este caminho: em 1991 foi lançado "Reader Rabbit 2", um jogo para DOS no qual o protagonista (Reader Rabbit) ensina não só habilidades de leitura, como de matemática e de escrita. Ou seja, um coelho que deveria saber apenas ler, agora sabia também muitas outras habilidades.

Perigosamente, ele continuou aprendendo. Em 1993 foi lançado "Reader Rabbit 3", em que o coelho ensina história e geografia. Um ano depois, em 1994, "Reader Rabbit's Interactive Reading Journey" aborda química e biologia. Em 1996, "Reader Rabbit's Interactive Reading Journey 2" investiga explicitamente temas teológicos e de fisica quântica. A esta altura, já era tarde demais.

Em 1999, a editora Divertire decide trazer para os lares brasileiros esta amaldiçoada franquia. Ao discutirem sobre como traduzir o título da série, viram que o intuitivo "Coelho Leitor" já não se adequava, dado que a entidade transcendia habilidades literárias. Decidiram então chamá-lo de... "Coelho Sabido".